terça-feira, 19 de novembro de 2013
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ONG transforma bigodes em campanha em prol da saúde masculina

05:00
Membro da ONG Movember
Transformado em item de moda, o bigode – ou moustache, em inglês – é estampa comum em bolsas, sapatos e camisetas; virou até pingente, boné e almofada. O que pouca gente sabe é que, antes de ser a expressão de um estilo, o moustache é símbolo de uma organização internacional dedicada a aumentar a conscientização sobre doenças masculinas, principalmente o câncer de próstata. É o grupo Movember e novembro é o mês chave das atividades deles.

Tudo começou como uma brincadeira entre dois amigos australianos. Luke Slattery e Travis Garrone tiveram a ideia de apostar com mais três amigos quem conseguiria cultivar o melhor bigode durante todo o mês de novembro. A brincadeira deu tão certo que, no ano seguinte, eles decidiram utilizar a aposta para angariar fundos para alguma causa. A escolhida foi a saúde masculina, já que para os amigos os homens deveriam cuidar da saúde tanto quanto as mulheres.

Isso foi em 2003. Ao longo dos últimos dez anos, a brincadeira entre amigos se tornou coisa séria e hoje é uma ONG presente em 21 países. Durante o mês de novembro, internacionalmente reconhecido como o mês da saúde masculina, o grupo Movember – junção das palavras em inglês moustache (bigode) e november (novembro) – realiza ações para conscientizar cada vez mais pessoas. E seus membros, conhecidos como Mo Bros, ainda cultivam os bigodes durante o mês inteiro.

Segundo os criadores da organização, em entrevista para a edição australiana da revista Men’s Health, o bigode é uma maneira de mudar a cara da saúde masculina. Além de ser uma brincadeira divertida, a mudança no visual serve para puxar conversa entre estranhos e, assim, trazer a tona assuntos que os homens normalmente evitam, como as visitas periódicas ao médico e o exame de próstata.

E essa fuga de questões de saúde não acontece só na Austrália. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia e do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. As principais causas são doenças como pneumonia, cirrose ou diabetes, que podem ser controladas ou até mesmo curadas caso o acompanhamento médico seja feito com antecedência.

Segundo o Inca, só no Mato Grosso do Sul foram registrados 9.370 novos casos de câncer em 2012, a maioria câncer de próstata. Em Dourados, onde as Unidades de Saúde da Família registram todos os moradores para que possam ser acompanhados, existem apenas 76.338 homens registrados, contra 81.193 mulheres.

Foi pensando em ampliar o acesso masculino aos serviços de saúde que, em 2009, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde do Homem. A iniciativa prevê aumento de até 570% no valor repassado às unidades de saúde por procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como a vasectomia, e a ampliação em até 20% no número de ultrassonografias de próstata. Cada cidade que adere ao programa recebe R$ 75 mil para financiar essas atividades.

São dados como esses que tornam o Novembro Azul, as ações do Movember e diversas outras iniciativas em prol da saúde do homem mais do que necessárias, mas elas sozinhas não são a solução. Enquanto houver uma cultura de que o homem é imune a doenças e não precisa de auxílio médico, o número de vítimas continuará aumentando.

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